O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, negou, na tarde desta quinta-feira (15), o pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suspender a perícia no sistema de propina da Odebrecht.
Para Moro, a suspensão “não faz o menor sentido”.
A defesa protocolou o pedido na quarta-feira (14), sob o argumento de suspeita de fraude ou de manipulação no software “MyWebDay”, desenvolvido pelo Grupo Odebrecht para gerenciar a contabilidade paralela.
No documento, a defesa do ex-presidente pediu que o Ministério Público Federal (MPF):
- Esclarecesse quando teve conhecimento de que a cópia do sistema MyWebDay entregue pela Odebrecht por ocasião do acordo de leniência não poderia ser acessada;
- Esclarecesse quais foram as providências tomadas diante da informação de que a cópia do sistema MyWebDay entregue pelo grupo Odebrecht por ocasião do acordo de leniência não poderia ser acessada;
- Esclarecesse qual foi a base utilizada para fazer referência na denúncia ao sistema MyWebDay;
- Esclarecesse se Procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima efetivamente emitiu as declarações que foram publicadas no jornal O Globo de 29/01/2018. Em caso positivo, que fosse esclarecida de que forma ele bteve acesso à informação de que a PF não teria conseguido acessar o sistema MyWebDay diante da vedação de acompanhamento dos trabalhos periciais, tanto do MPF como da defesa;
- Por fim, pediu que fosse concedido às defesas o prazo igual ao concedido ao Setor Técnico do Departamento de PF para análise e manifestação acerca do laudo pericial decorrente do trabalho de alta complexidade desenvolvido pela equipe de peritos oficiais daquele órgão.
No despacho, porém, Moro responde:
“Ora, essa [a suspeita de fraude ou manipulação] é uma das questões que constituem o objeto da própria perícia em andamento, já que solicitado que fosse esclarecido quanto à autenticidade dos registros digitais e sua origem.
Perícia
A vistoria da Polícia Federal (PF) sobre o “MyWebDay” foi autorizada por Moro em setembro do ano passado, no processo que apura se houve pagamento de propina a Lula.
Conforme a denúncia, o Grupo Odebrecht pagou propina a Lula via aquisição do imóvel onde funciona o Instituto Lula, em São Paulo. O valor, até novembro de 2012, foi de R$ 12.422.000, afirmam os procuradores.
A denúncia afirma também que o ex-presidente recebeu, como vantagem indevida, a cobertura vizinha à residência onde vive em São Bernardo do Campo, interior de São Paulo.
De acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel. De acordo com o MPF, foram usados R$ 504 mil para a compra do imóvel. Lula nega as acusações.
Nesta ação, além de Lula, são réus o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht; e o ex-ministro Antônico Palocci.
‘My Web Day’
O “My Web Day” foi mencionado durante o depoimento de Hilberto Mascarenhas, que era o responsável pelo setor de propinas da empreiteira, prestado em 7 de junho do ano passado.
Segundo Mascarenhas, o sistema foi adaptado para fazer o controle de tesouraria e, atualmente, não é mais utilizado. O “My Web Day” funcionava como um manual da propina e foi substituído posteriormente pelo “Drousys”, um controle mais sofisticado e que ficava na Suíça.
Ainda conforme o depoimento, o programa continha todos os registros dos pagamentos efetuados e a quem foram efetuados, por condinome.
“Esse sistema existe, está no mesmo lugar onde sempre esteve, só que bloqueado. E lá tem essas informações de quais pagamentos foram feitos. E se quiser saber pra quem, tem que pegar pelo codinome, olhar que obra era e perguntar ao responsável, pela obra, quem era a pessoa. Eu não sei dizer”, relatou, à época, o ex-executivo da Odebrecht.
Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/lava-jato-defesa-de-lula-pede-suspensao-de-pericia-sobre-sistema-de-propina-da-odebrecht.ghtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=share-bar-smart&utm_campaign=share-bar